Titãs | Sacos Plásticos

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NÃO RECICLÁVEL
Novo álbum da banda decepciona ao transitar entre o emo, o country e o brega – sem chegar a lugar algum
Por Gilberto Tenório

TITÃS
Sacos Plásticos
[Universal, 2009]

capa 17A capa e o encarte de Sacos Plásticos, novo álbum da banda paulistana Titãs, não traz nenhum dos cinco integrantes do grupo estampados em suas páginas. No lugar dos longevos representantes do Rock nacional, um punhado de manequins desnudos no que parece ser um galpão abandonado. A inovação e a qualidade reservadas ao material gráfico, entretanto, parecem ter sido esquecidas no que diz respeito à musicalidade do CD.

A primeira faixa, “Amor por dinheiro”, busca os Titãs da era “Ô Blesq Blom”, do final dos anos 1990. A tentativa, contudo, soa frustrada ao se apoiar em um arranjo monótono e pretensamente moderno que está mais para as bandas emo da atualidade que da iconoclastia original do grupo. Seguindo a mesma linha, “back to 80´s”, estão “Problema”, parceria de Paulo Miklos com os antigos parceiros Arnaldo Antunes e Liminha, “Múmias” – canção que abusa dos sintetizadores e de um refrão patético com direito a “cha-na-na-na-na” e “Deixa eu entrar”, com participação do guitarrista Andreas Kisser.

E como nada é tão ruim que não possa piorar Sacos Plásticos ainda traz algumas baladas que não servem nem para musicar romance de novela das seis. “Antes de você”, “Porque eu sei que é amor” e “Deixa eu sangrar” poderiam estar muito bem em um disco da Fresno – ou pior, de algum cantor “breganejo”.

Produzido por Rick Bonadio, o nome por trás do sucesso de bandas como CPM 22 e NX Zero (medo!), Sacos Plásticos pode ser considerado o trabalho mais fraco dos Titãs ao longo de 27 anos de estrada. Porém, a culpa pelo pífio resultado não deve ser creditada apenas ao produtor – justiça seja feita, ele não assina nenhuma das monótonas 14 faixas. Anunciado pelos próprios integrantes como uma espécie de renascimento do grupo, o álbum só serve para mostrar que talvez seja a hora de Sergio Britto, Branco Mello, Paulo Miklos, Tony Bellotto e Charles Gavin pensarem seriamente na possibilidade de seguir caminhos distintos em suas carreiras.

NOTA: 3,0