Um papo com Rafael Altino, um dos destaques do Virtuosi este ano

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Fotos: Carol Bittencourt.

Rafael Altino é um dos nomes brasileiros mais importantes da música erudita tendo passado por diversas instituições de peso, além de participar de festivais internacionais de lugares como Alemanha, Grécia, EUA, Coreia do Sul, Japão, entre outros. Mesmo com toda essa bagagem o violonista se viu desafiado quando lançou seu primeiro álbum solo autoral, Viola A Rafael, onde contou apenas com compositores nordestinos. “Foi uma experiência muito agradável e difícil. Demorou um tempinho para esquecer que o microfone existia”, recorda.

Morando nos EUA há mais de 30 anos, Rafael está esta semana no Recife para participar de mais um Virtuosi, festival que completa 20 anos de vida. Com a Orquestra Virtuosi ele executará como solista o Le Gran Tango, de Piazzolla.

A programação começa nesta quarta (13) e vai até o dia 17 com apresentações no Recife, Olinda e João Pessoa, sempre com entrada gratuita. Outros nomes que estarão presentes este ano são Raiff Dantas, Rose de Souza, Victor Asuncion e Benjamin Schmid.

Veja o papo com Rafael Altino. A programação completa do Virtuosi está no site.

A música erudita contemporânea vive um bom momento no mundo. O que acha dessa atual fase? Como está a cena aqui no Brasil?
Para o meu instrumento, a viola, este é um período onde um grande número de compositores estão criando maravilhas para a viola como um instrumento solista. Eu tento contribuir como posso; por enquanto foram quatro concertos para viola e orquestra escritos para mim, dez peças para solo viola, já encomendei seis novas peças para viola e piano, e assim vou adiante, buscando ‘aventuras’ novas. Vivendo fora do Brasil por mais de 30 anos fica difícil responder o que acontece aqui com a música nova. Mas sempre trouxe algo “diferente” ao festival Virtuosi. Obras de compositores como Per Nørgård, György Ligeti, Axel-Borup Jorgensen, Poul Ruders, Christian Lindberg, entre outros.

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Fotos: Carol Bittencourt.

O Virtuosi chega aos 20 anos como um dos principais eventos do gênero. Como músico, qual a importância que o festival representa na sua opinião.
O Virtuosi é uma grande família que sempre traz grandes artistas e grandes obras para a nossa cidade, enriquecendo a nossa cultura.

Você é um músico experiente, com passagem por instituições importantes, mas lançou seu primeiro álbum em 2015. O que achou da experiência, da produção, e o que prepara para o futuro?
Foi uma experiência muito agradável e difícil. Toquei junto com a minha mãe, Ana Lúcia Altino Garcia, e tive como produtor um grande amigo, Preben Iwan. Mas como foi a minha primeira vez com um microfone no meu nariz, demorou um tempinho para esquecer que o microfone existia. Em 2018 o selo sueco BIS vai lançar no mercado uma gravação do concerto que Christian Lindberg escreveu para mim. O selo dinamarquês DaCapo vai também trazer ao mercado um disco com seis peças novas para solo viola escritas também para mim. Para este mesmo selo gravarei em agosto/2018 três concertos novos, dos quais dois foram também escritos pra mim, e no final do ano será a vez de seis peças novas para viola e piano. Vai ser um ano bem produtivo.

Ainda sobre seu disco ele traz uma sonoridade contemporânea, até experimental e também traz um olhar para o Nordeste. Como foi a escolha do repertório?
A ideia foi de criar um álbum só com compositores nordestinos. Afinal de contas, eu também sou nordestino. E cada compositor tem a sua língua, expressão e ideias. Foi um grande prazer fazer este trabalho.

Como surgiu seu interesse pela viola?
Chegando aos EUA em 1987 tive uma professora maravilhosa, Marylou Speaker Churchill. E ela foi a pessoa que me introduziu a viola. Levou algum tempo para digerir este novo instrumento, mas hoje sou eternamente grato por o que ela fez. A viola é muito parecida comigo!

Quais nomes ou peças você destaca na programação do Virtuosi este ano?
É dificil escolher… mas Benjamin Schmid é um grande violinista e estarei escutando tudo q ele vai tocar. Vou ter o prazer de tocar junto com ele em abril/2019, na Dinamarca os concertos de Benjamin Britten para violino e viola e Arthur Benjamin Rapsody para violino e viola.

O que você escuta em geral? Que bandas, músicos você mais curtiu este ano?
Lawrence Power – violista
Maxim Rysanov – violista
Berliner Philharmoniker
Keith Jarrett
Brad Mehldau
Gonzalo Rubalcaba
Joe Lovano