Uma conversa com Arnaldo Baptista sobre sua exposição Exorealismo

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"Tinha obra que eu nem lembrava mais". (Fotos: Karen Lemos para a OGrito!)
“Tinha obra que eu nem lembrava mais”. (Fotos: Karen Lemos para a OGrito!)

A REALIDADE ÚNICA DE ARNALDO BAPTISTA
Ex-Mutante expõe obras de sua faceta artista plástico em São Paulo

Por Karen Lemos

Com Exorealismo, exposição em cartaz até o dia 10 de janeiro na Galeria Emma Thomas, em São Paulo, o ex-integrante do grupo Os Mutantes Arnaldo Baptista voltou a mergulhar em uma paixão mais antiga do que a música: a pintura.

“Desde criança tenho certa vocação para a pintura. Quando garoto, eu gostava de pintar os meus cadernos do primeiro ano”, recordou em conversa com a Revista O Grito!. “Durante um tempo, as artes plásticas foram mais importantes do que a música para mim porque, para fazer música, eu precisava de um piano, de um contrabaixo, e era tudo muito caro. Na pintura, com um lápis e um papel eu tenho quase a mesma coisa que Salvador Dali tinha”, ressaltou.

Na exposição, o músico exibe obras que embarcam na ousada tentativa de materializar o som plasticamente. “São pinturas e desenhos em que o artista propõe que a invisibilidade do som seja representada bidimensionalmente. A partir da utilização de cores e formas em suas colagens, objetos e assemblages, desenvolve subcategorias ressaltando a lisergia dos anos 60, bem como o desbunde visual dos anos 70”, declarou Marcio Harum, curador da mostra, em comunicado.

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Dessa forma, a irreverência da música de Arnaldo Baptista permanece presente em suas obras, disponível, segundo seu autor, em uma aparência ainda mais universal. “Um quadro meu pode parar no Japão sem depender de línguas ou gravadoras”, observou o artista.

Sem querer detalhar suas inspirações criativas, o ex-Mutante enfatiza que não segue regras na hora de pintar. “Eu não tenho muito estilo mesmo”, explicou. “Às vezes, pego algum objeto aqui de casa mesmo, como uma colher velha, um pedaço de sapato, um CD, uma ferramenta e grudo na tela. A partir daí, começo minha pintura. É engraçado isso porque o que poderia ser um erro passa a ser uma evolução na tela”.

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Exorealismo traz obras assinadas por Arnaldo desde a década de 1990, produzidas em seu ateliê pessoal (que, por vezes, também serve de estúdio musical) em Juiz de Fora, Minas Gerais. “Algumas obras que estão expostas eu nem lembrava mais que tinha feito”, comentou com um bom humor que lhe é típico.

Exorealismo
Período expositivo: até o dia 10 de janeiro de 2015
Local: Galeria Emma Thomas. Rua Estados Unidos, 2205, Jardins, São Paulo
Horário de funcionamento: terça à sexta, das 11h às 19h, sábados das 11h às 17h